Diziam os antigos: “com a força do braço se conquista a vida”. Era o braço do operário, a enxada cavando futuro, a agulha costurando esperança, a caneta rabiscando horizontes. Era suor, era rotina, era pão repartido depois da luta diária. Mas alguém torceu o sentido! Transformou o braço em punho, o esforço em imposição, o trabalho em ameaça. Na roda dos poderosos o braço é músculo, soco, ferramenta de submissão. E a metáfora, antes canto da dignidade, virou grito de guerra, virou bandeira de violência. A tudo isso, digo não! A força do braço não está em esmagar, mas em sustentar; não está em ferir, mas em consolar, erguer. Porque é o braço cansado do pedreiro, da lavadeira, do professor, que realmente conquista o mundo. Criado em : 12/9/2025 Autor : Flavyann Di Flaff
O trigo se ergue, dourado, pleno, sopro da terra que insiste em viver. No meio da abundância, um corpo se rende. Entre espigas, que falam de pão, uma ausência cresce silenciosa. O grão se parte, morre para gerar vida; o homem se parte, morre para silenciar a dor. Há contradição no vento: A seara canta fecundidade, mas a sombra recorta o gesto final. O campo se enche de futuro, o trigo promete renascer. O corpo, não! Ele escolhe o fim, mesmo quando tudo em volta alude ao recomeço. E a terra, perplexa, acolhe, ao mesmo tempo, o pão da vida e a ruptura da esperança. Criado em : 11/9/2025 Autor : Flavyann Di Flaff